O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-lo.







Trata-se de um livro bem escrito, de uma narrativa fluida e que lembra os textos dos bons jornalistas. O autor Yascha Mounk é professor da Universidade Johns Hopkins. A obra apresenta reflexões pertinentes sobre a sobrevivência dos sistemas democráticos liberais em face da ascensão do populismo autoritário em muitos países do mundo, tendo na experiência de Donald Trump sua roupagem mais emblemática.

Para Yascha, são três sintomas que fizeram a democracia liberal enfraquecer-se. Primeiro: a crise financeira caracterizada pela perda da capacidade de consumo e de acesso ao mercado de trabalho estável para a maioria da população. Segundo: a expansão de novos meios de comunicação e da falta de regularização e de seus usos antidemocráticos, como a expansão e os usos das "Fake News" e dos dados pessoais dos indivíduos integrantes das redes sociais. Terceiro: o medo da ascensão da sociedade multiétnica, interpretado como agente responsável pelos problemas sociais nacionais, como se a causa do desemprego e da insegurança fossem culpa dos estrangeiros. 

O mérito da obra é levantar a questão fundamental: tal momento será passageiro ou uma tendência para os próximos anos? Tal resposta dependerá dos nossos esforços em prol da continuidade do sistema democrático liberal, que precisa enfrentar os seus aspectos contraditórios em face da ascensão do capitalismo ultra-neoliberal e, sobretudo, qual é o  papel do Estado para a maioria da população diante da atual conjuntura econômica? 

Para o Brasil, Mounk (2019) salienta que a vitória de Jair Bolsonaro é o maior risco para a nossa democracia dos últimos anos e que agenciar um projeto alternativo de esperança junto à maioria da população será decisivo para a derrota de seu projeto. Em outros termos, é necessário ir além da denúncia e da crítica, é fundante expor de forma convincente e didática um novo projeto de país e de sociedade. 

Fonte:
MOUNK, Yascha. O povo contra a democracia: por que nossa liberdade corre perigo e como salvá-lo. Trad. de Cássia de Arantes Leite e Débora Landsberg. São Paulo: Companhia das letras, 2019.

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