O conto "A escrava", de Maria Firmina dos Reis




Ano passado, no dia 11 de outubro, o Google lembrou a abolicionista e escritora Maria Firmina dos Reis. A autora morreu em 1917 e foi lembrado pelo ilustrador Nik Neves. 

Tal questão demonstra a importância da escritora e a visibilidade que ela ganhou nos últimos anos no Brasil. Tornando-se  fonte de muitas pesquisas e publicações. 






Maria Firmina dos Reis (1825-1917) escreveu o romance "Úrsula' (1859), um marco na literatura brasileira, trata-se do primeiro romance afro-brasileiro e abolicionista publicado no país.

A escritora foi a autora também do conto "A escrava", outra referência na temática em análise. O conto é narrado na terceira pessoa, por uma distinta senhora abolicionista que abriga uma escravizada fugida e seu filho Gabriel. O texto é um relato sobre a vida da escravizada, que é contado num salão, onde estão presentes pessoas distintas da sociedade.A escravizada é louca e tal estado se deveu a perda de seus gêmeos Carlos e Urbano, ela afirma que era livre antes de terem falsificados seus documentos. No final da estória a escravizada morre e o seu filho Gabriel fica sob a guarda do senhor.

Sobre o conto podemos destacar significativas imagens literárias em defesa do fim da escravidão no Brasil. Para nós, historiadores, tal texto tem valor especial, tendo em vista que pode ser lido pelo valor documental. Isto sem perder de vista a dimensão literária do texto. Do ponto de vista estético, a narrativa deixa muito a desejar, um enredo simples, personagens unidimensionais, um final sem pontas, enfim.

 Todavia, tais limitações não diminuem o valor histórico do conto, uma vez que capta literariamente sentimentos de uma época; tempo em que a instituição da escravidão era o centro econômico e social do Brasil, mas que estava sofrendo abalos irreversíveis,  tal fator foi preservado em documentos oficias e em textos literários...

"- Admira-me, disse uma senhora, de sentimentos sinceramente abolicionistas; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente século, no século dezenove! A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira!' ( 2018, p. 193)










Fonte: (Revista maranhense nº3 – 1887. *Falta uma linha no original fac-similar. O único exemplar da edição de 1859 foi extraviado. “A escrava”. In: Úrsula. REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. 7º ed. Belo Horizonte: PUC Minas, 2018, p.193-207.

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